domingo, 28 de outubro de 2012

sempre a periferia



Ontem, tive mais uma vez uma sensação kairótica de que não há como impedir o avanço da ordenação feminina entre os batistas brasileiros como resultado de uma ousadia proporcionada pelo Espírito Santo ao insuflar coragem a mulheres vocacionadas e comunidades batistas.
Tem sido assim aqui no Rio de Janeiro. Para alguns poucos líderes ainda motivo de perplexidade, para a maioria, o desfrutar de um renovo. Aquela sensação boa de estar participando de um momento significativo na vida religiosa de uma denominação como a nossa. Esse Rio de Janeiro tão judiado pelo poder público e tão rico da presença evangélica, seja no quantitativo de igrejas de várias denominações por metro quadrado, seja no crescimento numérico operado pelo evangelismo "gospel" das igrejas da zona sul, seja no antropofagismo religioso das comunidades de periferia, seja na sisudez da Convenção Batista Fluminense, seja, ainda, na neutralidade da Convenção Batista Carioca, esse Rio tem desfrutado de muitas experiências belas de ordenação ao Ministério da Palavra de mulheres batistas.
Ontem, 27/10/2012, testemunhei mais uma vez o que os batistas fluminenses e cariocas podem fazer. A ordenação da irmã Eneide da Silva Pereira Lopes, da Igreja Batista Memorial de Mesquita foi marcada pela naturalização de uma realidade na vida denominacional e, sobretudo, na vida de sua igreja. O espírito de alegria e o  reconhecimento da igreja sinalizaram para os presentes a seriedade da decisão que a própria comunidade tomou ao convocar um concílio para a o exame da irmã Eneide. Em sua fala final, ela mesma testemunhou a respeito de seu esposo que disse a ela no início de todo o processo que ele não poderia obstruir a obra que o Espírito Santo estava fazendo na vida dela e de sua igreja. É a esse "eis aqui o servo do Senhor, cumpra-se a sua vontade" que precisamos, ministros, cada vez mais nos render.
Participei também neste ano do concílio e ordenação da pastora Isabela Calil na PIB em Vicente de Carvalho. E ainda há outros que tive notícia, mas não pude ir.  Para mim, depois de 13 anos, imaginem como é bom saber que vem "coisa boa" da nossa Galiléia.

Pra.Silvia Nogueira

domingo, 12 de fevereiro de 2012

PIB em Fernando de Noronha celebrou Jubileu de Coral (1976-2011)

(matéria publicada em OJB, 12fev2012,O Jornal Batista PIB Fernando de Noronha, de autoria do  Pr. Francisco Bonato Pereira. Leia também A Ordenação e Ministério da Pra. Eridinaide Cunha. A PIB de Fernando de Noronha é liderada desde 2001 pela Pra. Eridinaide Cunha)

A Igreja Batista de Fernando de Noronha (PE) celebrou, ao longo de 2011, o Jubileu de Coral de organização (35 anos), com cultos em ação de graças a Deus, em 15 de Outubro. Contou com a presença do cantor Luiz de Carvalho e do Pr. Ney Ladeia (IB Capunga) e em 25 e 31 de Dezembro de 2011, dirigidos pela Pra. Eridinaide Cunha, com a presença maciça da comunidade cristã batista da Esmeralda do Atlântico. A PIB Fernando de Noronha, no mesmo período celebrou o 10º aniversário de consagração da Pra Eridinaide Cunha.

Nós participamos do culto dominical (6 de novembro de 2011), quando a Igreja, mais uma vez, rendeu graças a Deus por sua existência como corpo de Cristo vivo e atuante na Ilha do Atlântico.
A PIB em Fernando de Noronha(PE) foi organizada em 31 de Janeiro de 1976, pela IB em Dois Unidos, Recife (PE), de que era congregação. Foi feito um culto dirigido pelo Pr. Inácio Jorge, com apoio do Secretário Executivo da Convenção Batista de Pernambuco (CBPE), Pr. José Almeida Guimarães, e passou a ser dirigida pelo Diácono Salviano. O seu templo está edificado na Rua Dom Juquinha, nº 155, Vila do Trinta, onde também está edificada a Casa Pastoral, habitada pela Pra. Eridinaide Cunha e Silva e sua família.

Os cristãos reformados holandeses
A ilha de Fernando de Noronha recebeu, durante a ocupação holandesa de Pernambuco, um grupo de cristãos da Igreja Reformada Holandesa, dirigido pelo Reverendo Jansen (1629) e cujo templo era localizado num dos mirantes mais belos da ilha. Expulsos os holandeses de Pernambuco, estes também deixaram Fernando de Noronha.
Construído o templo católico (1772) dedicado a Senhora dos Remédios e um decreto imperial proibiu qualquer prática religiosa não católica romana. No local do templo holandês foi construída a Estação de Meteorologia e hoje está edificada a mais imponente construção da ilha, o Hotel de Trânsito da Aeronáutica, conhecida como “A Mansão”.

A comunidade cristã evangélica em Fernando de Noronha
Pelópidas da Silveira, prefeito do Recife, teve a iniciativa (1956) de enviar ao Arquipélago de Fernando de Noronha um grupo de pescadores, com o objetivo de abastecer a cidade do Recife do pescado abundante na Ilha. No grupo havia cristãos evangélicos, dentre o irmão Salviano, hoje diácono jubilado da PIB em Fernando de Noronha. Na época foi organizada a Congregação
Evangélica da Ilha, reunindo membros de várias denominações:batistas, assembleianos, presbiterianos, entre outros. A chegada a Fernando de Noronha do irmão Amaro Preto, dinamizou suas atividades.

As igrejas denominacionais
Os cultos comunitários nas duas primeiras décadas foram uma contingência do pequeno número de evangélicos e da ausência de liderança, porque cada grupo desejou organizar sua própria igreja: (a) a Igreja Batista de Fernando de Noronha (organizada em 31 de Janeiro de 1976), com apoio da IB Dois Unidos e da Convenção Batista de Pernambuco; (b) a Igreja Evangélica Assembleia de Deus (organizada em 1979, vinculada à Igreja Assembleia de Deus no Recife, e hoje jurisdicionada ao Ministério de Abreu e Lima; (c) a Igreja Presbiteriana de Fernando de Noronha (organizada em 15
de Dezembro de 1994, pelos presbiterianos residentes no Arquipélago, com apoio do pastor Raimundo Soares)

A PIB em Fernando de Noronha
Organizada a Igreja em 1976, sua liderança ao longo dos primeiros 25 anos (1976- 2001) foi exercida por leigos – entre os quais os diáconos Salviano, Maurício Barbosa e Mirian Maria Barbosa – assistida periodicamente por pastores do Recife, que a visitavam com pouca frequência, uma ou duas vezes ao ano: Inácio Jorge (1976-1984) e Francisco Dias (1995-2001), e passando até três anos sem visita pastoral.

A Pra. Eridinaide Cunha
A Igreja recebeu há dez anos sua primeira obreira residente, a pastora Eridinaide Cunha e Silva, consagrada em Março de 2001, em concílio promovido pela IB de Campo Grande, Recife (PE), presidido pelo pastor Francisco Dias da Silva Filho e sendo examinador o pastor Zaqueu Moreira de Oliveira (diretor geral do STBNB), que assumiu o pastorado efetivo, inclusive como capela de instituições e conquistando o respeito e a estima na comunidade noronhense. A PIB em Fernando de Noronha, sob sua liderança, tem crescido e influenciado os moradores do local e conta hoje com 70 membros e mais de 50 congregados.
A pastora Eridinaide da Cunha e Silva, graduada em Teologia pelo STBNB, é casada com o engenheiro Jades da Cunha e Silva e reside na Ilha de Fernando de Noronha há mais de dez anos, servindo à Igreja e à comunidade. Oriunda de família pastoral: nora do pastor Hermes Cunha (IB Imperial, Recife, PE) e mãe do pastor Jader da Cunha e Silva Junior, além de outros obreiros. Ao Senhor da Seara sejam dadas honra, glória e louvor, agora e para sempre. Amém.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

92ª Assembléia Nacional da Convenção Batista Brasileira em Foz do Iguaçu: Com qual espírito?


Imagino que a expectativa do povo batista na 92ª assembléia da CBB seja para a mais recente “menina dos olhos”, o projeto missionário “Cristolândia”. E tem mesmo motivos para isso, já que os viciados em crack são os mais recentes párias sociais. Além disso, evangelizar é um imperativo cristológico. Agora, é importante também lembrar do que de fato compreende a obra evangelizadora, isto é, é pregar a mensagem cristã apaixonadamente, mas também ensinar as virtudes cristãs e aperfeiçoar no convívio eclesiásticos uns aos outros com os dons que o Espírito nos deu. É uma volta que estou dando para dizer que outros temas são igualmente importantes para a celebração do evangelho na sua plenitude. Eu não estarei este ano na assembléia, nem no encontro de articulação das pastoras e acho importante dizer o porquê. Estou na direção pedagógica de um Seminário Batista que está em transição de endereço no Rio de Janeiro e é impossível uma viagem nesse momento. Seminário, inclusive, que tem formado homens e mulheres para o ministério Batista em igrejas ou nos campos missionários.
Eu não gostaria de perder o encontro com as mulheres em ministérios e (talvez) outro embate com algum membro mais aguerrido da ordem dos pastores nos bastidores da assembléia, como no ano passado. Acredito que a Pra. Zenilda e as outras colegas farão algo significativo nesse encontro. Até porque o Kairós[1] da ordenação de mulheres ao ministério pastoral entre os Batistas brasileiros é tão consumado que talvez agora só precisemos de uma mudança de espírito.
Tenho uma lembrança querida do dia do meu concílio em 1999. No meio daquela cena toda dos representantes da CBESP e da ordem, vi meus pais ajoelhados na congregação da PIB em Campo Limpo. Fui na direção deles preocupada, já que meu pai é um senhor de 80 anos. Quando cheguei próximo, percebi que minha mãe orava em voz alta pedindo a Deus que desse àqueles senhores, pelo menos, um espírito como o de Gamaliel (At 5,34-39). Mais tarde percebi a seriedade da oração também sobre minha vida, já que o texto dizia claramente que se não fosse de Deus, o tempo faria o sepultamento de homens e idéias. Sim, é de Deus. Testifico da minha vocação por toda igreja batista pela qual passo e na minha caminhada no Reino. Meus pais celebram cada etapa dessa história e também testificam positivamente do meu ministério. E as outras? As que sabemos e as que não sabemos? E as igrejas que não possuem pastoras, mas que realizam intercâmbio, convidam, celebram, testificam igualmente as vocações? Vejo nisso a consumação da obra evangelizadora dos batistas.
Penso que talvez agora seja a hora de uma oração que conclame a um novo espírito entre nós, pastoras, e igrejas que convivem com essa realidade, e a liderança da ordem dos pastores do Brasil. Que esses irmãos, ó Senhor, tenham o mesmo espírito que houve em Maria, sua serva. Mesmo não enxergando tudo, mesmo não compreendendo tudo, abriu-se para o Mistério. Aquilo que Deus faz geralmente está envolto em Mistério. É preciso apenas responder com temor e tremor: “eis aqui o servo do Senhor”!
Uma abençoada assembléia!


Pastora Silvia Nogueira   


[1] Kairós não é somente uma experiência cronológica, mas também qualitativa e revolucionaria. O Kairós inaugura uma nova perspectiva na relação que se tem com Deus ou na revelação que Ele faz para as pessoas. O kairós é um convite a uma “nova” e geralmente vibrante experiência de fé.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Quando eu pensava em desistir

Você já deve ter passado por isso. Nadar, nadar, nadar e sentir a força indo embora dos músculos, a fadiga tomar conta do corpo e o cérebro, em nome da sobrevivência, enviar um sms para o braço esticar imediatamente para o lugar seguro mais próximo - a boia ou a borda do barco.
Minha última postagem foi, de certa forma, uma última braçada nessa questão institucional. Creio mesmo que outras vozes, além da minha, devem ser ouvidas - e com muito mais frequencia. Então, queridos, no meio dos meus emails chega a notícia de mais uma ordenação feminina- essa com visibilidade maior do que as duas que aconteceram recentemente no Rio de Janeiro. E que alegria saber que a PIB de São José dos Campos tem agora a Pra. Léa Apse Paes entre o seu corpo pastoral.
Que o processo de ordenação de mulheres ao pastorado batista é pujante e irreversível  tenho dito há muito tempo e todas as vezes que posso- e essa ordenação em São Paulo, como as do Rio de Janeiro e em outros estados em 2011 é a comprovação do meu discurso.
Será que agora teremos mais visibilidade? será que agora a integração à ordem de pastores e a realização de concílios denominacionais e as referências a nossa existencia nas publicações institucionais e da UFMBB será viável e sem turbulências?
Oxalá seja! Afinal, para a liderança batista, "avanço"  tem tudo a ver com igrejas grandes e líderes renomados. Por mim, tudo bem. Com esse gás, acho que vou conseguir dar mais algumas braçadas até as cataratas de Foz de Iguaçu.
A Deus, toda Glória!
Pra. Silvia Nogueira

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Mulheres com nomes


Ninguém estranhe. Vou misturar as coisas todas nesta manhã segundeira, pós o dia de “ver Deus em meio ao seu povo” e o “povo ao redor de seu Deus”. Depois de uma semana de luta pela manutenção dos lugares ocupados. Estou há um tempo assim, ruminando umas coisas na cabeça. Tudo muito misturado e intenso. Há duas semanas, recebi a informação da comemoração dos 140 anos da presença batista no Brasil. Lembrei imediatamente como as pessoas ligadas às instituições podem ser tão previsíveis e demoníacas (no sentido grego de dáimom). Quando ainda estudava teologia em Campos, era notório que a história dos batistas iniciava na Bahia. Não sei como chegou nas minhas mãos o livro de Betty Antunes de Oliveira[1], “Centelha em restolho seco”. Era um trabalho bem documentado, cheio de novidades, batido em uma máquina de escrever e em edição da própria autora. Isso porquê ninguém das instituições batistas de então achou importante – ou certo - publicar o texto da Betty. Agora, anos depois, e com a igreja de Salvador vivendo para o pentecostalismo, segundo eles, os 140 anos dos batistas será institucionalmente comemorado, vejam só, em Santa Bárbara D’Oeste, como apontava nossa querida irmã Betty. 
Lendo Isaías 40, não pude deixar de me identificar com o texto no momento que o profeta - como qualquer profeta, homem ou mulher, de vez em quando faz- compelido a clamar pela “voz”, pergunta “Que hei de clamar? Toda carne é erva, e toda  a sua beleza, como as flores do campo. Seca-se a erva, e caem as flores, soprando nelas o hálito do Senhor. Na verdade, o povo é erva”. Na verdade, eu sou erva. E tudo às vezes parece inútil e efêmero demais. Sei que a maioria de minhas colegas acredita que é inútil lutar na via institucional. Entendo. Sei que muitas acham um desgaste de energia desnecessário, porque, como disse Caetano Veloso, “Sou de uma geração politizada, ativista. Eu próprio desejava me despolitizar, explicar aos outros que nem tudo é política...sei que a [..]política vivida coletivamente pode trazer desconforto”. Além de acreditar que engajamento não é algo para um cristão. Entendo também, mas não posso concordar. Apesar de ocupar um lugar privilegiado, de respeito, dentro e fora da comunidade de fé, essa luta diária para avançar fica muito mais pesada sem a ajuda das instituições denominacionais a que pertencemos.  Às vezes, no enfrentamento com elas, faz com que eu devolva a pergunta da “voz” que me pede para clamar, com a resposta “Que hei de clamar? Se tudo é inútil e o fim é a morte? Não sei até quando suportarei o silenciamento institucional sobre a realidade denominacional das pastoras, operado por nossas instituições – CBB, Jornal Batista, UFMBB, etc? Mas até quando devemos conviver com o silenciamento de minhas colegas? 
Não é anticristão fazer um pouco de barulho. No versículo 9 do mesmo texto de Isaías, a “voz” continua: “Tu, anunciador de Boas novas a Sião, sobe tu a um monte alto[...] levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas...” Não causará divisão ser porta-voz da denúncia desse silenciamento que só tem desagradado líderes e igrejas que desejam avançar na obra do ministério. Ou será somente eu a perceber essa tentativa de apagamento, pela omissão de nossos nomes  e de nossa presença nas igrejas batistas brasileiras, como um artifício institucional para tentar impedir a consumação e o avanço dessa realidade entre o povo batista? Mais de 150 ordenações femininas legítimas em 11 anos desde a primeira, não pode ser considerado, em sã consciência, como algo mínimo. E não existem mais oficialmente, justamente por sonegação de informação e lobby de alguns setores da ordem de pastores. Nesse mês de agosto, participei do concílio examinador de mais uma candidata aqui no Rio de Janeiro. Foi maravilhoso perceber, como há 11 anos, na PIB em Campo Limpo, como a igreja tem compreendido e investido nas vocações pastorais, independente se de homens ou mulheres, participando corajosamente do processo de ordená-las para o ministério batista do início ao final do processo. A irmã Miriam, hoje, pastora Miriam de Lira Moraes Fernandes tem uma história e tanto para contar. História pessoal que fica obscurecida pela história maior de sua comunidade local. Se eu pudesse, visitaria cada uma das pastoras para, frente a frente, falar da importância de levantar a voz para além da vida de sua comunidade de fé batista. Somos todas pioneiras que não podem se descuidar do fato de que aquilo que Deus tem feito conosco, e em nossas histórias pessoais, está ajudando a construir uma nova realidade denominacional. Não podemos nos calar diante desse desafio que está posto para a nossa geração. Tenho fé no futuro em que este movimento entre investir no ministério local e levantar a bandeira diante das instituições batistas, não será mais uma necessidade. Mas agora ainda é. Falo igualmente para as missionárias, mulheres líderes que poderiam nos ajudar a passar mais rapidamente por esse processo, abençoando as vidas de vocacionadas ao ministério da palavra e às igrejas batistas que abraçam essa mesma convicção. Muitos pastores têm proclamado, junto comigo e com a Pra. Zenilda Reggiane Cintra, a possibilidade do ministério pastoral exercido por mulheres. Muitos deles têm atendido ao convite de igrejas para a realização de concílios examinadores de candidatas; muitos deles têm escrito sobre o tema, convidado para pregar em suas comunidades e utilizado um discurso em que a presença de pastoras já é uma realidade. A esses muitos, obrigada e obrigada. Quero, no entanto, suplicar as irmãs e colegas pastoras que levantem suas vozes, anunciem seus nomes e suas histórias, compartilhem suas caminhadas. Esse blog é um espaço de visibilidade importante e eu suplico sua participação. Mas também suplico que a irmã se organize para estar presente na assembléia da Convenção em janeiro próximo. Vamos até lá sem medo, mas vamos com ousadia. Ousadia profética e ousadia oriunda da certeza de que a nossa força vem do Senhor. Meu nome é Silvia. Meu sobrenome é Nogueira. Tenho nome e sobrenome. Sou pastora batista com um megafone nas mãos, debaixo da graça de Deus.


[1] Veja os links : http://www.pibrj.org.br/historia/arquivos/Tese-Alberto-Kenji-Yamabuchi.pdf e http://www.pibrj.org.br/historia/arquivos/UmaVozParadoxal.pdf

quarta-feira, 27 de julho de 2011

ORDENAÇÃO AO MINISTÉRIO PASTORAL FEMININO



As maiorias absolutas das Igrejas Batistas no Brasil já possuem algum tipo de Ministério específico exercido por Mulheres, elas estão presentes na área da Música (Ministras de Música) na área da Educação Cristã (Ministras de Educação religiosa) na área da ação social (Ministras de ação social ou serviço social) e outras.
Devido ao crescimento das Igrejas e diversificação do público a ela agregado foi necessário “compartilhar a função pastoral” de liderança nas diversas áreas, pois só assim todo o rebanho de Deus poderia ser alcançado por um ministério ágil e eficiente, daí porque vemos hoje a multiplicidade de ministros (homens e mulheres) auxiliando o ministério pastoral nas suas mais diversas funções na Igreja.
Quando fui convidado pelo presidente da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (Pr. Davi Baeta Mota) para discorrer sobre este tema, senti muito a vontade, pois creio que a questão da Ordenação Feminina ao Ministério Pastoral perpassa por alguns vieses importantíssimos que precisam ser considerados com muita seriedade:

1. Quem ordena ao Ministério ao meu sentir é a Igreja Local, e dentro do princípio Batista de autonomia da Igreja Local é a Igreja quem reconhece a liderança da pessoa que haverá de servi-la enquanto liderança espiritual (pastoral), portanto, não cabe ao meu ver a Ordem dos Pastores Batistas do Brasil definir a questão da ordenação em si, esta questão pertence à Igreja Local. A ordem pode decidir se aceita ou não em seus quadros a presença da liderança pastoral feminina, o que não impede que ela exista por si mesma e nem que ela se organize como Ordem de Pastoras Batistas do Brasil.

2. Se considerarmos a Liderança pastoral como DOM ESPIRITUAL conforme preceitua a Bíblia em EFÉSIOS 4:11, então vamos Ter muitas dificuldades para respondermos alguns questionamentos em nossas Igrejas tais como: Os dons espirituais são para todos os crentes? Incluindo as mulheres? E se são, porque o Dom de pastor não se aplica às mulheres? E se os dons são para as mulheres, porque elas não podem exercer o Dom do pastorado? Questões como estas precisam ser consideradas com muita profundidade e coerência Bíblica.

3. Outro fato relevante que precisamos considerar é a histórica atuação das mulheres nos CAMPOS MISSIONÁRIOS. O que diferencia a atuação das nossas missionárias e dos pastores no campo de trabalho? Elas não fazem exatamente o papel de um pastor no campo missionário? Não pregam, não ensinam, não visitam, não coordenam todo trabalho, não orientam casais e etc...Porque não podem ser autorizadas pela Igreja local oficiar ceia, batismos, casamentos e etc...? Existem várias Igrejas de nossa denominação que já fazem isto há muito tempo, sejamos sinceros e honestos, nossas missionárias são pastoras de fato, e o povo que está sob a liderança delas, não as vê de outra maneira.

4. Precisamos reconhecer os diferentes níveis de liderança que a Bíblia estabelece, a luz da experiência que vivemos no dia a dia em nossa sociedade. Por exemplo: Quem é o líder na casa da Família Garotinho no Rio de Janeiro? Certamente como esposo o ex-governador exerce a sua liderança como “sacerdote do lar” mas secularmente falando a Governadora Rosinha Garotinho é a Líder, pois ocupa a função de Governadora de Estado. O Mesmo acontece numa casa onde os cônjuges são oficiais e o Oficial de maior graduação é a esposa, ela submete-se como esposa ao marido, mas ele submete-se a ela por ser oficial superior. Assim, não há ao nosso ver, nenhuma dificuldade das mulheres ocuparem a função de pastoras na Igreja de Jesus, pois estarão desempenhando uma função delegada pela Igreja que não choca em nada com a sua condição de esposa, caso esta seja casada.

5. Vemos Mulheres ocupando a função de liderança espiritual tanto no Velho Testamento como no Novo Testamento, o Novo testamento cita as filhas de Felipe como profetizas (Atos 21:9), em II REIS 22: 14 a 20 Hulda julgava o povo de Deus, e o sacerdote Hilquias vai até ela para buscar orientação de Deus. Se ele fosse um pastor iria até ela? Será que a ida do sacerdote até a profetiza Hulda diminuiu a sua postura como sacerdote de Deus? Encontramos também DÉBORA julgando o povo de Deus em JUÍZES 4:4 e 5, vemos que muitos anos antes de pensarmos numa mulher como pastora, as mulheres já exerciam posição de liderança na BÏBLIA, pois quem eram os juízes senão porta-vozes de Deus para o seu povo?

6. Percebemos nitidamente que a liderança feminina está conquistando fronteiras antes intransponíveis, pois nações ortodoxas, conservadoras como a ALEMANHA na Europa, o CHILE na América Latina, a LÍBIA no continente Africano, optaram recentemente pela liderança feminina como alternativa de nova visão política, como alternativa de percepção diferenciada da realidade, como possibilidade de mudanças, não podemos fechar os olhos para o que está acontecendo também em nossas Igrejas, quando é nítido que o número de Mulheres na membresia é bem maior que os homens, e o número de teólogas a cada dia aumenta, é visível e perceptível que a liderança feminina também vá conquistando o seu espaço junto ao ministério pastoral, ocupando talvez uma lacuna que existe há vários anos.

7. Um detalhe que me chama bastante a atenção é o número de pastoras que já existem nas diversas Igrejas evangélicas, pastoras solteiras e casadas, muitas delas estão em total sintonia com os esposos nos seus ministérios, atuam de maneira brilhante junto a membresia da Igreja e são um verdadeiro bálsamo para a vida dos pastores. É claro que nem toda esposa de pastor tem o Dom de pastorear, mas muitas destas esposas são “verdadeiras pastoras na Igreja”, e aí do pastor sem elas, algumas até já receberam o título honorífico de “pastora”, dado pela própria Igreja, que assim as chama carinhosamente em reconhecimento pelo seu talento, trabalho e dedicação. Creio que chegou a hora de assumirmos o que já existe na prática ha muito tempo!

8. Se perguntarmos aos membros de nossas Igrejas sobre a possibilidade da Ordenação Feminina, vamos ficar surpreendidos com as respostas, porque sem dúvida alguma a grande maioria do nosso povo já vê a atuação feminina na área da “liderança pastoral” no dia a dia das Igrejas e já reconhece que existem verdadeiras pastoras entre nós, só não tem o título...

9. Pastoras são essenciais? Claro que são, pois o campo está branco para a colheita. Vamos contrariar a Bíblia através desta prática? Ë claro que não, pois do contrário já estaríamos contrariando há muito tempo com a liderança pastoral exercida pelas missionárias. A Bíblia não condena a ordenação feminina, bem como não condena a consagração de diaconisas, não encontramos nomes de mulheres na lista de diáconos de Atos 6, mas entendemos que Febe servia a Igreja e por isso achamos que as irmãs também podem servir ao povo de Deus, o mesmo princípio também pode ser aplicado ao Ministério Pastoral, principalmente se consideramos o Ministério pastoral como uma chamada, um Dom vindo do Espírito Santo de Deus. O que você diria a sua filha se ela lhe dissesse: “Eu senti o chamado de Deus para ser pastora?”

10. Queridos irmãos Pastores o que mais nos ameaça nesta questão da ordenação feminina não é, ao meu ver, a questão Bíblica – teológica, nem é a questão cultural – religiosa, o que mais nos ameaça nesta questão: é o medo que temos de dividir a liderança com alguém, o medo de alguém ocupar o nosso espaço, de alguém nos superar em nossos “ministérios brilhantes e fascinantes”. Enquanto este sentimento perdurar em nossos corações, não haverá abertura para considerarmos a questão da Ordenação Feminina. Reflita sobre isto.



Pr. Evaldo Carlos dos Santos
PIB da Praia da Costa
Vila Velha - ES
  Disponível em http://groups.google.com/group/Mensageirosdapaz?hl=pt-BR.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Três quartos dos líderes evangélicos mundiais admitem mulheres no ministério pastoral

(Colaboração do Pr. Sylvio Macri)

Matéria reproduzida no site Baptists Today menciona o resultado surpreendente  de uma pesquisa realizada com os 4.500 líderes evangélicos mundiais que participaram do Terceiro Congresso de Lausanne, realizado na África do Sul em outubro de 2010:  75% desses líderes acham que as mulheres podem ser admitidas no ministério pastoral, contra apenas 20% que acham que não.

Responderam à pesquisa, cujos resultados foram divulgados recentemente, 2.196 dos líderes participantes, provenientes de 166 países e territórios, assim distribuídos: 20% da Europa, 19% da América do Norte, 26% da África Sub-Saariana, 3% do Oriente Médio e do Norte da África,  10% da América do Sul e 21% da Ásia e do Pacífico. De cada dez participantes do Congresso, 6 pertenciam ao Hemisfério Sul, e 4 ao Hemisfério Norte. O universo dos respondentes é amplamente representativo de todas as igrejas evangélicas do mundo, em termos de região, gênero, idade e tipo de organização.

A pesquisa foi promovida pelo  famoso Pew Research Center, de Washington, DC, EUA, através do projeto The Pew Forum on Religion and Public Life, e está disponível no site www.pewforum.org,  sob o título “Global Survey of Evangelical Protestant Leaders”, um texto de 118 páginas.