terça-feira, 17 de janeiro de 2012

92ª Assembléia Nacional da Convenção Batista Brasileira em Foz do Iguaçu: Com qual espírito?


Imagino que a expectativa do povo batista na 92ª assembléia da CBB seja para a mais recente “menina dos olhos”, o projeto missionário “Cristolândia”. E tem mesmo motivos para isso, já que os viciados em crack são os mais recentes párias sociais. Além disso, evangelizar é um imperativo cristológico. Agora, é importante também lembrar do que de fato compreende a obra evangelizadora, isto é, é pregar a mensagem cristã apaixonadamente, mas também ensinar as virtudes cristãs e aperfeiçoar no convívio eclesiásticos uns aos outros com os dons que o Espírito nos deu. É uma volta que estou dando para dizer que outros temas são igualmente importantes para a celebração do evangelho na sua plenitude. Eu não estarei este ano na assembléia, nem no encontro de articulação das pastoras e acho importante dizer o porquê. Estou na direção pedagógica de um Seminário Batista que está em transição de endereço no Rio de Janeiro e é impossível uma viagem nesse momento. Seminário, inclusive, que tem formado homens e mulheres para o ministério Batista em igrejas ou nos campos missionários.
Eu não gostaria de perder o encontro com as mulheres em ministérios e (talvez) outro embate com algum membro mais aguerrido da ordem dos pastores nos bastidores da assembléia, como no ano passado. Acredito que a Pra. Zenilda e as outras colegas farão algo significativo nesse encontro. Até porque o Kairós[1] da ordenação de mulheres ao ministério pastoral entre os Batistas brasileiros é tão consumado que talvez agora só precisemos de uma mudança de espírito.
Tenho uma lembrança querida do dia do meu concílio em 1999. No meio daquela cena toda dos representantes da CBESP e da ordem, vi meus pais ajoelhados na congregação da PIB em Campo Limpo. Fui na direção deles preocupada, já que meu pai é um senhor de 80 anos. Quando cheguei próximo, percebi que minha mãe orava em voz alta pedindo a Deus que desse àqueles senhores, pelo menos, um espírito como o de Gamaliel (At 5,34-39). Mais tarde percebi a seriedade da oração também sobre minha vida, já que o texto dizia claramente que se não fosse de Deus, o tempo faria o sepultamento de homens e idéias. Sim, é de Deus. Testifico da minha vocação por toda igreja batista pela qual passo e na minha caminhada no Reino. Meus pais celebram cada etapa dessa história e também testificam positivamente do meu ministério. E as outras? As que sabemos e as que não sabemos? E as igrejas que não possuem pastoras, mas que realizam intercâmbio, convidam, celebram, testificam igualmente as vocações? Vejo nisso a consumação da obra evangelizadora dos batistas.
Penso que talvez agora seja a hora de uma oração que conclame a um novo espírito entre nós, pastoras, e igrejas que convivem com essa realidade, e a liderança da ordem dos pastores do Brasil. Que esses irmãos, ó Senhor, tenham o mesmo espírito que houve em Maria, sua serva. Mesmo não enxergando tudo, mesmo não compreendendo tudo, abriu-se para o Mistério. Aquilo que Deus faz geralmente está envolto em Mistério. É preciso apenas responder com temor e tremor: “eis aqui o servo do Senhor”!
Uma abençoada assembléia!


Pastora Silvia Nogueira   


[1] Kairós não é somente uma experiência cronológica, mas também qualitativa e revolucionaria. O Kairós inaugura uma nova perspectiva na relação que se tem com Deus ou na revelação que Ele faz para as pessoas. O kairós é um convite a uma “nova” e geralmente vibrante experiência de fé.

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