Existem algumas questões que nos deixam perplexos e pensativos quanto à forma de enfrentamento e de resposta. Principalmente, aquelas que são elaboradas, especialmente, para nos apanhar em uma armadilha. Das questões difíceis, me recordo de uma elaborada para Jesus e me deleito na resposta dada pelo Mestre e no rico ensinamento que nos deixou.
“Daí, pois, a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus”, foi a sábia resposta de Jesus quando foi questionado se os fariseus e os herodianos deviam pagar ou não tributo a Cesar. A sutil pergunta dos adversários de Jesus era certamente uma tentativa para apanhá-lo em uma armadilha. Daquelas que parecem impossível de responder sem correr riscos. No entanto, a resposta sábia de Jesus é uma resultante da percepção da hipocrisia humana e da firmeza que tinha diante dos belos discursos dos seus adversários. É da prática diária dos adversários que veio a reposta para suas indagações.
Assim, o Mestre Jesus ensinou que pagassem tributo ao governo romano, já que eles mesmos usavam esta moeda e, portanto, estava sujeitos à tributação; e ainda ensinou que prestassem obediência a Deus. Em outras palavras: cumpram suas obrigações civis para com César e cumpram suas obrigações para com Deus. Sabemos que este ensino se constitui um princípio para nós, os batistas.
É dever do Estado, como laico, garantir a promoção do bem-estar público, e dentre outras coisas, o pleno gozo e exercício da liberdade religiosa; é dever da igreja, enquanto comunidade livre, respeitar às suas leis, obedecê-las, honrar os poderes constituídos, exceto naquilo que se oponha à vontade de Deus (art. XV da DDB).
Este princípio também nos notabiliza enquanto batistas, juntamente com a certeza de que não deve existir nenhum poder que possa constranger a igreja local, que é autônoma e democrática, nas suas decisões, a não ser a vontade de Deus, manifestada através do seu Espírito.
Esta reflexão é pertinente para pensar as exigências que a OPBB vem fazendo quanto à formação de concílios para o ministério pastoral. Os critérios de elegibilidade ao concílio, naturalmente, nos levam a questionar: de onde vem a OPBB? Para que ela foi criada? Qual é o caráter da sua atuação? A quem serve? É de Cesar ou é de Deus? É ordem a que custo?
Entendemos que os concílios representam o exame dos pontos principais da fé e das doutrinas que o candidato ou a candidata julga professar, diante de pastores ou pastoras de diversas igrejas batistas que tem por princípio a cooperação entre as igrejas irmãs; e a ordenação é o reconhecimento da igreja que entende e percebe o chamado ao Ministério do Serviço e ainda, a culminância de um processo que a igreja local mesma iniciou, enviando o (a) candidato (a) às instituições batistas teológicas para o estudo e preparo.
A OPBB surge da livre associação de pastores das igrejas batistas, com vistas à expansão do evangelho através da ampla articulação dos pastores. A lógica e o bom senso nos dizem que se a OPBB surge das igrejas, logo deve também servi-las e, assim servirão ao Supremo Pastor, o Cristo, Senhor das vocações. Assim, deve a OPBB respeitar esta ordem: Senhorio de Cristo e a autonomia das igrejas em instituir seus processos de exame e legitimação ao ministério da Palavra, seja de homens, seja de mulheres.
Portanto, supliquemos a Deus a sabedoria que residia em abundância no precioso Cristo. Prossigamos no seu ensino de entregar a Cesar o que é de Cesar: os impostos, o respeito, as orações pelas autoridades, os deveres e responsabilidades de cidadãos; e de entregar a Deus o que é de Deus: a vocação, o serviço e o livre exercício dos dons na igreja. E não devamos nada a ninguém, a não ser o amor mútuo.
“Portanto, o que quereis que os homens vos façam, fazei vós também”.
Pra. Cristiane Queiroz Cravalho
IB Central Honório Gurgel