Depois da Assembleia da OPBB em Florianópolis, SC, em 2007, A Ordem tomou algumas decisões que blindaram o caminho das mulheres vocacionadas, não somente para o seu ingresso na OPBB, como também, mais grave ainda, para a sua consagração ao ministério pastoral por uma igreja local.
Em que consiste essa blindagem da OPBB?
1. A OPBB decidiu que a emissão das carteiras dos pastores seria pela sua administração nacional, o que chamarei aqui de OPBB nacional. Até então as OPBBs estaduais/regionais emitiam as carteiras. Assim, foi possível as pastoras filiarem-se à OPBB naquelas secções que aceitavam pastoras. São essas pastoras que hoje podem ter a carteira da Ordem porque tiveram seus direitos adquiridos reconhecidos pela assembleia da OPBB em Cuiabá, em 2010. Hoje isso não é mais possível, inclusive nos locais onde as secções aceitam pastoras.
2. A OPBB proibiu as suas secções de participarem do concílio de pastoras, com o risco de que seus executivos fossem encaminhados para a comissão de ética. O que isso significa na prática? Os executivos das secções fizeram a leitura, conveniente, de que os pastores não poderiam participar de concílio de pastoras e não a instituição, isto é, a secção oficialmente. Então eles orientam os seus pastores a não participarem e alguns até os ameaçam de os conduzirem à “inquisição”, digo, as comissões de ética da Ordem.
3. A orientação da OPBB é que as igrejas, quando decidem consagrar um candidato, peçam à secção da Ordem a organização do concílio. Então o que acontece? As igrejas quando querem ordenar uma pastora solicitam a participação da secção da Ordem que, ainda que concorde com a ordenação de pastoras, está proibida de examinar candidatas. Isso significa que os concílios de mulheres estão suspensos em muitos lugares do país aguardando a decisão da Ordem.
4. A OPBB insiste em não mencionar as pastoras em suas publicações, estatísticas e convocações. A justificativa é que as pastoras serão tratadas da mesma forma que os pastores. Como assim? Se fosse assim, se as pastoras fossem tratadas da mesma forma que os pastores, todas poderiam ingressar na Ordem. Insistir em não usar linguagem inclusiva, em não registrar a presença das pastoras é uma manobra para ignorar a presença e contribuição do ministério pastoral feminino na obra batista e retardar a decisão do ingresso das pastoras. Na última Assembleia, em Niterói 2011, a OPBB nacional retirou no vídeo que foi vendido da mensagem oficial, o trecho em que o Pr. Carlito Paes falava de pastoras e não permitiram que no Regimento o termo “pastora” fosse inserido. A linguagem inclusiva é necessária neste momento.
O que igrejas e mulheres vocacionadas ao ministério pastoral podem fazer:
1. Apesar de entendermos o cuidado da Ordem com a qualidade do ministério pastoral batista, a ordenação de candidatos ao ministério pastoral é decisão da igreja, que é autônoma para assim fazer. Então, se a secção não quer participar do Concílio, a igreja mesmo pode promovê-lo sem que com isso esteja infringindo normas e ela não pode ser ameaçada por isso, isto é, de que será excluída da Convenção e etc. Isso não acontecerá.
2. Os pastores são livres para participar de concílios de pastoras. Não há, e nem poderia haver, nenhuma decisão da CBB ou OPBB que proíba um pastor de participar do concílio de uma pastora. Quem está proibida é a secção da OPBB como instituição e não os pastores que são livres, como realmente têm que ser. Então a igreja deve fazer os convites particularmente a cada pastor que ela deseja que esteja no concílio e esclarecer o que for necessário.
3. A CBB, em parecer aprovado em diversas assembleias, reconhece que a ordenação de pastoras é uma decisão da igreja local. Isto é, se uma igreja quer ordenar uma mulher para o ministério pastoral ela é livre para assim fazer, sem que esteja infringindo nenhuma norma ou esteja deixando de ser uma igreja batista como é o argumento ameaçador em muitos lugares do Brasil. A única questão é que esta pastora, por enquanto, não será filiada à OPBB, que ainda não aceita pastoras.
4. Se possível, quando for ordenar uma pastora, a igreja deve observar os critérios estabelecidos pela OPBB e CBB. A CBB tem publicado um livreto que dá todas as orientações. Para ser filiada à OPBB no futuro, caso queira, a pastora precisará estar com seu processo em acordo com as orientações, inclusive a ata do concílio assinada por sete pastores que tenham registro da OPBB. Então, quando possível, seria bom que os documentos estivessem de acordo com as normas estabelecidas pela CBB e OPBB para um futuro ingresso na OPBB.
Já temos mais de 100 pastoras nas igrejas das CBB e muitas candidatas esperando o momento que julgam oportuno, isto é, esperam a aprovação pela OPBB da filiação de pastoras, na maioria dos casos porque suas igrejas e seus pastores não querem causar nenhum constrangimento com as OPBBs regionais/estaduais. Infelizmente, a OPBB nacional se prevalece do respeito e consideração das igrejas para protelar essa decisão e querer impor preconceitos, com roupagem de interpretação bíblica, no ministério pastoral batista.
Que igrejas, pastores e mulheres chamadas por Deus sejam corajosos neste tempo para fazer prevalecer a vontade de Deus. Que rompam barreiras, fortalezas e obedeçam a vontade de Deus
(Pastora Zenilda Reggiani Cintra, maio/2011, , http://pastorazenilda.blogspot.com/ )
Nenhum comentário:
Postar um comentário