domingo, 12 de junho de 2011

Discernimento e Espiritualidade: O Pastor(a) como artesão(ã) das temporalidades

   Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus. E agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto. Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus. Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós. Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados.De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário.Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos que estão comigo, estas mãos me serviram.Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.” (Atos 20:24-35)
            A luz do texto acima somos levados a refletir sobre o real significado e abrangência do ministério pastoral. Muitos são os desafios e possibilidades que surgem na caminhada daqueles(as) que são chamados por Cristo a exercerem sua vocação pastoral em um mundo cada vez mais cheio de crises, dúvidas, medos e incertezas. È justamente neste contexto que o apóstolo Paulo se depara ao ter que anunciar sua partida e deixar aquelas pessoas tão amadas por ele.
            A história é algo que me fascina porque ela é construída junto com o tempo, através do tempo e para um determinado tempo. Ainda que o texto bíblico tenha sido produzido em um tempo específico, o mesmo nos deixa diretrizes que rompem com as barreiras culturais da época e nos alcançam na medida em que homens e mulheres se permitem mergulhar nas escrituras e as deixam falar por si mesmas.
            Em nossa jornada ministerial, muitas vezes nos sentimos como se estivéssemos sempre de partida e nos despedindo de quem mais amamos. Entretanto, muito mais do que a partida, considero a caminhada mais significativa neste processo de construção do ser pastor(a). O ser pastor(a) não se aprende nos bancos das cátedras, nas torres de marfim ou nos monastérios isolados do mundo e dos relacionamentos. Muito mais do que a titularidade, eu quero a simplicidade da espiritualidade do Cristo encarnado. Simplicidade do qual muitos tem perdido em sua jornada ministerial. Que sigamos os preceitos de Paulo neste texto se de fato encaramos o ministério pastoral como uma expressão do cuidado de Deus por seu povo.
            Em um mundo que gradativamente tem perdido seus valores e que apregoa que não há nada em que se confiar, temos o desafio de continuar pregando a Palavra de Deus. Numa geração analfabeta das Escrituras, que vive em busca de revelações, profetas e ungidos, Deus  continua chamando homens e mulheres para permanecermos firmes em sua palavra e não nos tornarmos vendilhões do templo.
            O ser pastor(a) precisa ser conduzido com destreza e escrito nas entrelinhas de cada folha em branco que recebemos de Deus. O que dá sentido em uma frase são os espaços existentes entre elas. Se compreendermos que somos chamados para servir e não para nos tornarmos messias, ainda que as turbulências pastorais surjam e elas aparecem mesmo, entenderemos que no seguimento de Cristo somos coadjuvantes e não protagonistas do Reino de Deus. Precisamos tecer nosso ministério arraigado em Cristo e na sua revelação para desenvolvermos à pastoral com dignidade, temor, graça, misericórdia e sensibilidade. A paz para todos e todas que são comissionados(as) por aquele que amou primeiro. Shalom!
                                                                                                         Marco Antônio
                                                                                            “Reforma sempre reformando”

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